Vida de Santa Júlia

Maria Rosa Júlia Billiart nasceu no dia 12 de julho de 1751, em Cuvilly, pequena aldeia da Picardia, no norte da França, e foi batizada no dia do seu nascimento. Júlia cresceu com seus pais, Jean François Billiart e Marie Antonieta Billiart, e com seus 8 irmãos. Era uma família muito religiosa e pobre, que vivia do trabalho na lavoura e de um pequeno comércio.

Devido à sua profunda fé, Júlia teve o privilégio de celebrar a primeira comunhão aos nove anos de idade. Júlia era inteligente e logo aprendeu a ler e a escrever, porém, não foi possível continuar na escola pois teve de ajudar a família no seu sustento. Foi assim que entrou em contato com os camponeses, pessoas simples que não tinham formação religiosa. Nos intervalos, lia para eles histórias bíblicas e as explicava. Seu entusiasmo suscitava espanto e admiração nos trabalhadores. Sentiam-se tocados pelo amor de Deus que irradiava da jovem Júlia.

Em 1774, aos 23 anos de idade, Júlia caminhava com muita dificuldade por causa do trabalho excessivo na lavoura para ajudar os pais. Numa noite de inverno do mesmo ano, o pai de Júlia sofreu um atentado. Um tiro de fuzil estraçalhou as vidraças e, apesar do choque violento, ninguém ficou ferido. Júlia presenciou tudo e seu sistema nervoso foi abalado.

Em 1782, uma forte epidemia agravou ainda mais a saúde de Júlia e ela ficou paralítica por 22 anos. Desde então, recebeu cinco vezes o sacramento da unção dos enfermos devido à grave situação de sua saúde.

Júlia tinha um dom notável para a oração, mesmo durante o período de intenso sofrimento. Não sentia solidão, nem achava que os dias lhe pesavam. Não tinha medo. Mesmo acamada, Júlia dava catequese às pessoas da redondeza.

Devido à Revolução Francesa, os cristãos que se declararam fieis à Igreja de Roma passaram a sofrer perseguição por parte das autoridades francesas. Júlia também se tornou alvo de perseguições. Em 1790, precisou fugir e trocar de residência constantemente. Os sofrimentos agravaram o seu problema de saúde e ela perdeu a fala por alguns meses. As fugas, o perigo constante, a morte de seu pai, as dificuldades na vida de oração, a perda da fala, tudo isso contribuiu para reduzir Júlia a um estado de impotência.

Em outubro de 1794, aos 44 anos de idade, Júlia encontrou-se com Francisca Blin de Bourdon, que tinha 38 anos. Elas se conheceram no castelo da nobre família francesa, em Amiens. Nada indicava que pudesse surgir uma amizade duradoura entre estas duas mulheres tão diferentes: Francisca era pertencente à nobreza, ocupava um lugar de destaque na aristocracia, era influente na sociedade, antes e após a Revolução Francesa. Suas posses lhe permitiam uma vida independente. Sua vasta formação abria-lhe aqueles círculos nos quais se cultivavam e promoviam a cultura francesa, rica em tradições. Júlia ao contrário, fisicamente deficiente, pobre e dependente, era uma mulher desconhecida, vinda do campo. Possuía pouca formação escolar e não tinha nenhuma perspectiva de futuro, mas revelava-se em seu ser uma riqueza tão profunda, que conquistou o coração de Francisca. Essa amizade tornou-se a célula originária da Congregação das Irmãs de Notre Dame de Namür.

No dia 02 de fevereiro de 1804, Júlia Billiart, Francisca Blin de Bourdon e Catarina Duchâtel emitiram os votos religiosos. Essa cerimônia, presidida pelo Padre Varin, marcou o início da Congregação das Irmãs de Notre Dame de Namür. O objetivo do novo Instituto era a educação das crianças e a catequese.

Em 1º de junho de 1804, após 30 anos de enfermidade e 22 anos de paralisia, Júlia foi milagrosamente curada, durante uma novena ao Sagrado Coração de Jesus. Durante os 12 anos em que esteve à frente da Congregação, Júlia fundou várias comunidades e escreveu mais de 400 cartas. Júlia faleceu no dia 8 de abril de 1816, em Namür. Foi beatificada no dia 13 de maio de 1906 e canonizada no dia 22 de junho de 1969.

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